9 de junho de 2025
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Clubes reforçam combate à pirataria após prejuízo bilionário com camisas falsificadas
A volta de Neymar movimentou muito mais do que as redes sociais e os planos de sócio-torcedor no Santos. Com o impacto comercial do retorno do camisa 10, o Peixe decidiu criar um Departamento de Planejamento e Assuntos Estratégicos, visto que a área foi estruturada para cuidar da defesa econômica das principais propriedades do clube, com foco em materiais esportivos, produtos licenciados e direitos de transmissão, ampliando o controle sobre o uso da marca e tentando transformar engajamento em receita.
O cenário nacional também explica a movimentação, com um estudo recente mostrando que o prejuízo causado pela pirataria no Brasil ultrapassou meio trilhão de reais em 2024. No futebol, segundo o FNCP (Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade), o impacto é direto, com camisas falsificadas representando 37% das peças vendidas no país e gerando perdas de cerca de R$ 9 bilhões aos times apenas em 2022, segundo a pesquisa mais atual. A venda ilegal interfere diretamente no potencial de arrecadação com produtos oficiais.
Buscando enfrentar esse problema de maneira mais eficaz, a Volt Sport, fornecedora de material esportivo que atende mais de dez equipes no país, iniciou uma parceria com um escritório de advocacia especializado no combate à pirataria. O trabalho conjunto se apoia no uso de inteligência artificial para monitorar e identificar a comercialização irregular de itens com marcas licenciadas do futebol brasileiro.
O Fortaleza, por exemplo, aposta em alternativas para disputar espaço com a pirataria. Em 2020, o clube lançou uma ação que reduziu o preço das camisas oficiais para R$ 59,90, bem abaixo do valor cheio, de R$ 225, com a estratégia incluindo a distribuição dos uniformes por ambulantes parceiros do clube no entorno do estádio, aproximando o produto do torcedor e dificultando a concorrência com o mercado ilegal.
Mais recentemente, rumores sobre uma suposta nova camisa vermelha da Seleção Brasileira para a Copa de 2026 alimentaram a produção de versões piratas, mesmo com a negativa oficial da CBF. A reação veio em uma operação da Polícia Civil, que apreendeu uniformes falsificados, incluindo modelos vermelhos, durante uma ação no Brás, em São Paulo. O material estava espalhado por seis pontos de venda, cujos responsáveis foram detidos com base na Lei Geral do Esporte.
Enquanto isso, os times seguem tentando fortalecer o controle sobre o uso de suas marcas. Um exemplo é o Sport Recife, que firmou há pouco mais de um ano uma parceria com a empresa Valinke, especializada em proteção digital. O objetivo é coibir o uso indevido da identidade visual do clube e limitar os prejuízos causados pela comercialização ilegal de produtos que deveriam contribuir diretamente para a receita das agremiações.
