18 de agosto de 2017

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Tentando diferenciar um Chanel verdadeiro de um falso? A tecnologia de deep learning pode ajudar

 

Produtos falsificados são um doloroso espinho no mundo das marcas luxuosas de moda, mas podem ser uma dor de cabeça ainda maior para revendedores digitais.

 

Consumidores à caça de roupas de grife por um preço baixo frequentemente procuram por peças bem conservadas de segunda mão na Internet, mas a caça a mercadorias ilegítimas no universo de $460 bilhões da indústria da falsificação – de acordo com os dados da OECD – não é tarefa fácil.

 

Dada a onipresença dos falsos entre revendedores, os compradores frequentemente examinam as roupas usadas para aferir autenticidade, frequentemente analisando a costura, o tamanho da fonte e etiquetas internas. Mas, algumas vezes, uma cópia é tão bem-feita que o olhar humano não consegue diferenciá-la do original.

 

É aqui que a tecnologia pode ajudar.

 

O Entrupy é um dispositivo portátil de varredura que detecta instantaneamente modelos de imitação de bolsas ao tirar fotos microscópicas que levam em conta detalhes do material, de processamento, acabamento, número de série e desgaste/rasgo. Então, emprega-se a técnica de deep learning para comparar as imagens com um vasto banco de dados, que inclui marcas de alto luxo, e se a bolsa for considerada autêntica, os usuários imediatamente ganham um Certificado de Autenticidade.

 

Após ser lançado com um serviço pago em setembro de 2016, o empreendimento sediado em Nova York tem, hoje, 130 clientes pagantes, dos quais quase todos são negócios norte-americanos elaborados com uma taxa de precisão de 97,1 por cento, explicou o CEO do Entrupy, Vidyuth Srinivasan.

 

Outros investidores incluem a Universidade de Nova York, o pioneiro de deep learning, Yann LeCun, e a firma japonesa de especulação financeira Accord Ventures.

 

“Estamos escolhendo começar com revendedores de produtos de segunda mão, inicialmente, pois vemos uma enorme falta de confiança no espaço para mercadorias de luxo, especialmente o online,” disse Srinivasan ao CNBC.

 

Em 2015, a loja online sediada em Singapura, The Fifth Collection, especialista em moda de luxo de segunda mão, tornou-se uma das primeiras investidoras do Entrupy.

 

Naquela época, os fundadores Nejla Matam-Finn e Michael Finn estavam autofinanciando The Fifth Collection e não deram a si mesmos sequer um salário, mas disseram que o investimento no Entrupy é moleza.

 

“A autenticação é essencial para o nosso negócio, e sempre nos empenhamos em ser os melhores na área”, explicou a dupla de marido e mulher. “Isto (Entrupy) foi consistente com aquela visão, e sentimos que valia o risco tanto para nós como para a melhoria do ecossistema do luxo de segunda mão.”

 

O único atuante na Ásia a possuir o Entrupy, The Fifth Collection, de três anos, diz que sempre garantiu a autenticidade do produto graças a um processo de curadoria interna, de modo que não seria justo cobrar os clientes pelo serviço de verificação.

 

“Esta tecnologia adiciona uma nova dimensão científica ao nosso arsenal de autenticação, mas a promessa fundamental fica a mesma – por que cobraríamos mais para continuar a fazer exatamente o que dissemos que faríamos?”

 

Em vez de um retorno imediato, The Fifth Collection ganha uma oportunidade de se tornar a líder em uma nova geração de revendedores de luxo comprometidos com o combate à pirataria, explicou Matam-Finn e Finn.

 

O Entrupy não é a única tecnologia de autenticação no mercado, mas sua simplicidade e habilidade em aprender a cada item escaneado foi o maior atrativo para The Fifth Collection.

 

Mas o que acontece se o Entrupy cair nas mãos de um falsificador?

 

“Mapeamos partes significativas de como, onde e quando mercadorias autênticas foram feitas, (então) para que os falsificadores tapeiem o sistema, eles precisam usar as mesmas especificações que as mercadorias autênticas nos últimos 100 anos,” disse Srinivasan. “Eu não descartaria isso completamente, mas é incrivelmente difícil.”

 

Além disso, a tecnologia só pode ajudar, e muito, no combate mundial a réplicas.

 

O apoio do Estado e a consciência do consumidor acerca da prática de fabricação não ética são essenciais, de acordo com Matam-Finn.

 

“O Governo precisa ter postura de tolerância zero quanto à falsificação em geral, especialmente em lugares como Singapura, que fazem negócios com reputação de transparência, confiança e forte aplicação da lei.”

 

A ilha-nação regularmente conduz buscas e prende indivíduos pegos vendendo ou distribuindo mercadorias com marcas aplicadas falsamente, mas apesar da ameaça da ação policial, as mercadorias falsificadas permanecem espalhadas por várias áreas de varejo.

 

Todas as formas de roubo de propriedade intelectual deveriam ser esmagadas, num esforço para se destacar Singapura como o primeiro país livre de falsificação, disse Matam-Finn.

 

Fonte: CNBC

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